segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nelson Rodrigues- Anjo Pornográfico

Nelson Rodrigues, o amável Anjo Pornográfico de Ruy Castro é um dos maiores nomes na cultura brasileira. Viveu 68 anos intensamente, produzindo muito, mesmo convivendo com seus traumas e suas perdas. Na vida, Nelson Rodrigues, era uma surpresa ambulante e construía sua história no país, na imprensa e no teatro. Produziu ao longo de sua carreira sobre muitas coisas; passou por muitos gêneros como: crônica, crítica, conto, folhetim, comédia, romance; adotou pseudônimos femininos; na televisão falava sobre futebol.

Nasceu em Recife e suas característica de enfrentar o que fosse com coragem e seu amor pela escrita teria aprendido com o pai, Mario Rodrigues, alguém que com certeza contribuiu muito para sua formação. O pai foi uma figura importante, fundou O Jornal da República e teve quatorze filhos junto com Maria Esther, cujo tinha um ciúme exagerado (um dos temas principais nas obras de Nelson). Após um escândalo político, a família vai para o Rio de Janeiro e trabalha no Correio da Manhã. Onde após foi criado A Manhã, onde Nelson teve uma adolescência um tanto quanto triste, iniciando sua carreira de repórter policial, daí já se encontra seu gosto por dramatizar pequenos acontecimentos. Aos 17 anos Nelson tem profundas experiências psicológicas desagradáveis: sucessivas decepções amorosas, morte de dois dos seus irmãos, morte de seu pai.

Já a sua formação de obsessão pelo sexo (e o Nelson foi um queridíssimo mulherengo)... Ah! Isso é herança de seu avô. Algo que está sempre presente em seu teatro (digo “está” porque o teatro dele nunca morre). Os textos de suas obras teatrais chocavam com o excesso de erotismo e tragédia, dividiam o público, conquistavam fãs, alertavam a censura e criavam inimigos. Ele achava que a catarse de suas peças provocaria a divinização do público.

Assim como alguns poetas, Nelson também precisava viver em um estado de paixão permanente. As mulheres de sua vida eram: Elza, mãe de seus dois primeiros filhos, onde foi casado durante 21 anos; Lucia, e teve com ela uma menina; Yolanda, mãe de três filhos; Heleninha e Malu, suas amantes prazenteiras. Após o AI-5, auto declarou-se reacionário; um de seus filhos aderiu à luta armada onde foi um dos opositores mais procurados pelos órgãos de segurança. Um outro filho, transformou o jornalismo esportivo, magnificando-o.

Nelson sofre aos 58 anos de um ataque fulminante, cujo motivo teria sido a perda do tricampeonato brasileiro e as preocupações com os filhos. Com 68 anos, ele morre com insuficiência cardíaca, respiratória e trombose. Esse homem “imoral e indecente” que tanto chocou a moral burguesa com suas obras, que também contribuíram para ampliar o significado de futebol no país; que foi massacrado e adorado pelos leitores... Contudo, é consagrado como um anjo, nos seus ideais e mais puros interesses. E pornográfico, por achar que a vida é isso mesmo, um eterno prazer sem pudor.

.

Nenhum comentário: