sexta-feira, 9 de julho de 2010

Com Paixão

Eu adoro estrada, adoro ver a paisagem passar ligeira com um vento esvoaçando e fazendo nós no meu cabelo... Meter o carão pra fora da janela quando subo a Serra, deixar a janela bem aberta quando está aquele calor, e sentir aquilo tudo que a estrada me traz. Adoro andar , perambular adoro a estrada reta, lisa e cheia de outras ramificações da estrada como a vida. Por gostar de estrada, adoro um ônibus aconchegante- não gosto de dirigir , já aviso- , com cadeira reclinável e um janelão bem grande pra ver tudo, música de fundo, jazz, MPB, samba antigo, solzinho pra aquecer o vento de inverno, ou o ar condicionado congelante... Eu gosto de botar as pernas p cima, relaxar, ver , e pensar, e pensar, e pensar, fico calma, quase uma catarse, ou seria a plenitude de estar comigo sozinha? Acho que é plenitude, catarse é coisa de teatro Rodriguiano ou Platão.
Eu sentei num ônibus desses, janela bem grande, cortina de veludo azul, janelão panorâmico, um ar condicionado congelante e pra não necessitar de um casaco que eu esqueci, eu sentei na segunda dupla de bancos, de quem entra ao lado esquerdo. Dei bom dia ao motorista, espantou-se? Ué, se diz ao motorista somente o indispensável, né? Nessa cidade movimentada urbanamente pelo tráfego de carros no vai e vem cotidiano, melancólico e abafado... Era um conhecido, velho de guerra das minhas matutinas ou diria madrugadas(?), aulas no Méier, ou ainda, batalhas contra o sono dentro da lata de sardinhas com banco confortável.
Era um dia sem aula, de inverno, onde o Sol não fervia, mas era terno de quentura, eu sentei ao lado de uma moça loura, que eu não sabia, se era: Moça, Senhora, Senhorita, Dona, Você, Vossa Majestade... Não importava, ela era pequena, vestida normalmente, calça jeans, blusa de uma cor que não lembro, tinha uma faixa pequena no cabelo, um óculos no decote na blusa, um celular na mão e uma bolsa de cor clara. Ela como toda mulher quando quer se proteger de algo, se fechava, mas eu digo se fechar fisicamente, o corpo dela falava, ela se encolhia no cantinho da janela, só olhava pra rua e mexia no rosto, ela era delicada nos detalhes, era sublime, bonito de ver ela mexer cara fio de cabelo, embora eu não repare muito do lado de quem sento, ela me instigou porque parecia chorar... ME comovi. Eu ainda crio sentimentos (bons ou ruins) pelas pessoas que nunca vi, nem nunca vou conhecer, mas isso não é estranho. Isso é ser sensível a realidade que encosta do seu lado e não entra no seu caminho, na sua estrada, não colide, só passa rente, você não precisa acionar o seguro contra danos.
Eu lia um livro, onde mais cada página que passava, menos tinha vontade de terminar (era quase a plenitude de pensar na vida quando me junto a estrada), até que passei pelo seguinte título da crônica logo quando percebi sua mão secando o rosto: "Um lugar para chorar". Foi tudo muito rápido, eu percebi seu choro, fiquei pensando mil e uma coisas sobre o porque dela estar chorando e voltei uns dois parágrafos p entender novamente o que tinha se perdido no livro, onde na minha cabeça que pensa três zilhões de soluções ao mesmo tempo eu não teria conseguido encaixar. Pronto, respirei e passei pra próxima crônica. Levei um susto filho-da-puta! Lugar, Chorar... Porque ela chora no meu lugar predileto? Tá, eu já chorei em ônibus, mas não lembro nem o porque, nem o quando. Porque ela chora? Enquanto eu lia ela espichava o olho sobre meu livro , todo mundo espicha o olho em cima do que se lê no ônibus, seja até mensagem de texto, a curiosidade é natural do humano. Já deveria estar na minha quarta crônica após o lugar pra chorar que sinto ela querendo pedir "dá licença" pra passar e sair do latão. Ela levanta, passa por mim e consigo ver o rosto dela, é uma senhora de uns quarenta anos muito bem conservada, não deveria ser senhora, é uma moça, ou pelo menos tinha um ar de moça encantador, tão graciosa, ela senta no primeiro banco do lado oposto, agora de cara pro corredor, me olha pede "obrigada" não sei pelo quê e se ia achando que eu não vi, óculos escuros que me escondem, não sei se isso é bom ou ruim! Retomando... Ela quase sussurrava o "obrigada" e eu não sei o porque...
Não fiz nada pra ela, mas ela me deu um presente quase inexplicável. A minha sensibilidade de volta, quando eu a vi toda encolhida num cantinho frio de um ônibus eu me comovi, não tive pena, eu só contemplei a humana que ela era, eu pensei muitas coisas, mas parecia que meu pensamento era um mantra, parecia que eu estava em completo nirvana... Contemplação do sentimento. Ela era uma moça loira; bem vestida; estatura mediana; linda; e meiga, percebia-se pelo seu jeito de se arrumar na cadeira, dela se mexer delicadamente, quase uma boneca de porcelana - daquelas feita de cabelo humano sabe? - que alguém quebrou... E deve ter quebrado mesmo, porque ela se fez triste e eu quase peguei sua mão e fiquei triste também, sentimento estranho de compaixão alucinada por alguém que eu provavelmente nunca vi na minha vida, nem nunca mais vou ver! Acho que esse sentimento deveria mover o mundo. Embora eu mesmo fechada ali naquele meu mundo, só possessivamente meu, eu enxerguei o próximo, senti suas necessidades sem nem tocar num fio de pêlo arrepiado no braço, eu vi! Eu vi! E abri a caixa de Pandora de compaixão do mundo, porque ela precisa é de compaixão, provavelmente você também... Provavelmente eu também... Provavelmente seu vizinho também... Provavelmente o seu namorado ciumento que acabou de ir embora depois de uma briga também... Provavelmente o cara da esquina deitado no papelão também; pelo menos uma vez ao dia, ou doses diárias de compaixão sem olhar a quem...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

-Pela última vez, por que não ?
-Eu não te amo e vc nao me basta, mas tudo bem se vc quer namorar eu vou ser boazinha!

domingo, 27 de junho de 2010

Tédio, amém...

Tédio, que coisa mais insuportável... É a dor mental que vira física? Poucas vezes me sirvo do prato do tédio, eu não sou uma pessoa extremamente agitada, mas não consigo ficar parada esperando um tédio chegar, um bar me chamar, um lar me conter. Procuro, um livro, um crochê, uma música, ligo o som me visto com apetrechos da guerra da dança e danço, isso deve ser coisa de gente louca, mas gente louca é a que se contenta com o tédio.

Tédio, martírio, remédio, nunca! Vira até poesia... Toda essa arte que nos rodeia teria o pensamento de nos tirar de um tédio assombroso? Eu acho que a arte é mais que isso, é mais do hábito. A arte que nos rodeia é mais do que espantar um tédio da nossa vida capitalista cotidiana digital. Tire você também o tédio do seu lado e se sirva de uma dose diária de tudo que você tem ao seu lado, não deixe para falar que a vida é linda quando você tiver no auge dos oitentões (se chegar lá).

Por que será que esquecemos que devemos sempre caminhar, nunca parar? Por que será que nós nos acomodamos tanto com as coisas que estão sempre no lugar? Deve ser o contrário disso que fez o homem inventar da pedra, a roda; inventar do frio, o fogo. O tédio do nada e já que hoje se tem tudo. O tédio do tudo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ponto fraco

Todo mundo tem um ponto fraco,
você é o meu , por que não ?

Nós mulheres, já nascemos loucas, com o ID embriagado de vodka e Santas...
O nosso SuperEgo é controlado por instinto de amor e paixões avassaladoras;
contemplamos com a boca qualquer língua doce que diga, "te amo", com os olhos cheios d'agua e emborcados num vermelho cintilante.
Somos cobras se necessário, gostosona se quisermos e damas sem graça pros amigos tarados do futebol. Somos o que queremos pro que vivemos, o amor. Seja ele qual for!
Nosso instinto de fêmea maternal , psicopata e suicida, amante infernal e doce delicada menina se reúnem pra qualquer instante de carnho que suplicamos mesmo sem ninguém saber, sem regras sociais ou atos superficiais, é o amor que tantas loucas, donzelas, santas mulheres vivem...
Nós vivemos pro amor de fruta mordida, de embalo da rede, de matar a sede na saliva , de ser pão, comida e algum veneno antimonotonia... E como dizia quem diz: Se não tem nada pro jantar, Por que não eu?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Me faça relampaguiar

...abraçada a sua cintura,
na quentura de um chamego ZEN...



Santa Nossa que me enrosca! me fazendo perder a força dos meus ais, me fazendo sentir o alvoroço dos seus tais... Me enrosca na cintura, no cabelo , me gira , me joga tão mole-mole como seda importada, pula que nem pipoca e remexe as ondas de renda numa chita escondendo as impurezas pura de qualquer mulher eu olho encantada! e tudo gira-gira gira-mundo num impulso que não para enquanto o triângulo matemático é mais poesia que a literatura, numa zabumba de embaraço me embaço , te embaço, me aperto tipo cobra com azeite de dendê. Eu me olho-ele me olha e a fumaça nossa, a fumaça do chão, a poeira se ecoa, secando a noção do chão e então partilhando a distração de qualquer tom amarronzado do seu olhar,desse lugar , do nosso lar, do nosso Xote, só nosso que me enrosque, que te envolve que me faz querer...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Com nossa visão acalmada pelo poder
Da harmonia, e tomados por um êxtase profundo,
Nós vislumbramos a essência vital de todas as coisas.
William Wordsworth

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nelson Rodrigues- Anjo Pornográfico

Nelson Rodrigues, o amável Anjo Pornográfico de Ruy Castro é um dos maiores nomes na cultura brasileira. Viveu 68 anos intensamente, produzindo muito, mesmo convivendo com seus traumas e suas perdas. Na vida, Nelson Rodrigues, era uma surpresa ambulante e construía sua história no país, na imprensa e no teatro. Produziu ao longo de sua carreira sobre muitas coisas; passou por muitos gêneros como: crônica, crítica, conto, folhetim, comédia, romance; adotou pseudônimos femininos; na televisão falava sobre futebol.

Nasceu em Recife e suas característica de enfrentar o que fosse com coragem e seu amor pela escrita teria aprendido com o pai, Mario Rodrigues, alguém que com certeza contribuiu muito para sua formação. O pai foi uma figura importante, fundou O Jornal da República e teve quatorze filhos junto com Maria Esther, cujo tinha um ciúme exagerado (um dos temas principais nas obras de Nelson). Após um escândalo político, a família vai para o Rio de Janeiro e trabalha no Correio da Manhã. Onde após foi criado A Manhã, onde Nelson teve uma adolescência um tanto quanto triste, iniciando sua carreira de repórter policial, daí já se encontra seu gosto por dramatizar pequenos acontecimentos. Aos 17 anos Nelson tem profundas experiências psicológicas desagradáveis: sucessivas decepções amorosas, morte de dois dos seus irmãos, morte de seu pai.

Já a sua formação de obsessão pelo sexo (e o Nelson foi um queridíssimo mulherengo)... Ah! Isso é herança de seu avô. Algo que está sempre presente em seu teatro (digo “está” porque o teatro dele nunca morre). Os textos de suas obras teatrais chocavam com o excesso de erotismo e tragédia, dividiam o público, conquistavam fãs, alertavam a censura e criavam inimigos. Ele achava que a catarse de suas peças provocaria a divinização do público.

Assim como alguns poetas, Nelson também precisava viver em um estado de paixão permanente. As mulheres de sua vida eram: Elza, mãe de seus dois primeiros filhos, onde foi casado durante 21 anos; Lucia, e teve com ela uma menina; Yolanda, mãe de três filhos; Heleninha e Malu, suas amantes prazenteiras. Após o AI-5, auto declarou-se reacionário; um de seus filhos aderiu à luta armada onde foi um dos opositores mais procurados pelos órgãos de segurança. Um outro filho, transformou o jornalismo esportivo, magnificando-o.

Nelson sofre aos 58 anos de um ataque fulminante, cujo motivo teria sido a perda do tricampeonato brasileiro e as preocupações com os filhos. Com 68 anos, ele morre com insuficiência cardíaca, respiratória e trombose. Esse homem “imoral e indecente” que tanto chocou a moral burguesa com suas obras, que também contribuíram para ampliar o significado de futebol no país; que foi massacrado e adorado pelos leitores... Contudo, é consagrado como um anjo, nos seus ideais e mais puros interesses. E pornográfico, por achar que a vida é isso mesmo, um eterno prazer sem pudor.

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Adorei as almas

Hoje finco aqui religião, coisa que quase não falo nesse blog.
Hoje também é dia da abolição da escravatura. Esse povo velho , negro cheio de cultura nos ensina tanto hoje em dia ainda, são so donos da sabedoria.
Venho aqui só pra relatar que preconceito de cor(pelo dia de hoje) é fora de moda, fora de carater, fora da humildade.

Adoro esse ponto:
Chora meu cativeiro , meu cativeiro, meu cativeira
O preto por ser preto
Não merece ingratidão
O preto fica branco
Na outra encarnação
No tempo da escravidão
Como o senhor me batia
Eu chamava por Nossa Senhora, Meu Deus!
Como as pancadas doíam.



Adorei as almas...

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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cigana

Minha alma é cigana,
não pode amar,
e ama...
Sente o futuro,
lê no escuro,
foge,pula muros...
Alma em luz,
seduz com olhar,
entende da sorte,
e do destino,
mas é só desatino...
Cigana de encantos,
magia e sortilégio,
privilégio é entender
as cartas,os corpos,
o desejo...
Beijo a vida,
sou atrevida,
sorrio,conquisto,
resisto,insisto...
Acredite se quiser...
Sou perfume,sou mulher...
Sou cigana,ninguém me engana...
Estenda sua mão,vejo...
Vejo o teu futuro...
Leio o teu coração...
Sou cigana,
é assim que o povo
chega e me chama...
Sou assim,sou prazer...
Agora diga:
quem é você?


Karla Bardanza


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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mesmo?

Eu me estrago. De verdade. Eu vivo cada detalhe... Até o grãozinho de areia entre os dedinhos do pé. Até a lágrima salgada no sorriso gostoso cheio de dentes. Eu me estrago porque gosto de verdade; me estrago porque odeio de verdade; me estrago porque falo demais sem pensar e quando penso falo também sem exitar; me estrago sendo de verdade. Me estrago arrebentando de verdade qualquer botão de qualquer camisa. Me estrago sendo cem por cento meu eu; eu me molho e enxergo; eu me toco e sinto ; eu te toco e vibro. Eu me estrago por não pensar e sair fazendo o que quero quando posso. Eu me estrago por ser de verdade. Não acho que isso seja exemplo pra ninguém , mas eu vivo de verdade!

sábado, 17 de abril de 2010

Ela

E pela ladeira ia ela , tão faceira e cheia de encanto em suas ancas ligeiras, descendo o asfalto cheio de buracos; ia ela tão cheia de pose, com sua bolsa pesada, seu sapato encantado e seu mundo desfigurado.
E pisa no mundo como se ele fosse nuvem, como se um mar de rosas de um tom vermelho grená tivesse se instalado em todas as poças de lama e sabe-se lá o que mais descia do morro. Sentia-se assim dona da sua verdade, a verdade que só ela conhecia e quem olhava não via. Seus cabelos com tons de cobre e um preto tão vivo que eu sentia o sol que já havia se repousado, tão cheios de tranças pareciam bordados nordestinos de tal desatino que nem ousava olhar muito. Esvoaçavam como capa de super herói anti-herói; um sorriso tumultuado na boca, não sabia exatamente o que havia no sorriso, era de uma palidez atordoada, tão diferente do brilho de seus olhos, ela toda parecia o sol; que sol é esse que tem um negro sorriso?
E ventava, e sua pele arrepiava, e a alça caia, e desatenta ela nem se mexia... E ia ela com um sutiã branco e uma cara de quem usava sempre um conjunto de renda, ela tinha cara de quem gostava de renda, renda é coisa chic. A talzinha recebera uma cantada de tão péssimo tom, que conseguira sorrir um sol. Porque ela era o sol, seu sorriso era atrevido!
Tão segura de si, ela continua descendo a ladeira.
Malcriado esse vestido que teima de ventar tanto , mostrando tanto encanto quanto qualquer obra de arte colorida. E ela vinha e nem me via. Parou na birosca, pegou uma garrafa de água com gás, bebeu com tanta gana que as gotinhas caiam da sua boca gulosa e desciam gentilmente pela pele como numa camera lenta ( ou era eu que a via assim?) e como de praxe se esparramaram no tecido claro do vestido. Ela se secava e logo pagara o senhora de olhos verdes.
Eu todo dia observava essa vadia, se era vadia eu não sei, mas era a minha vadia, embora nunca estivesse na minha cama , ou em alguma cama que eu estivesse; ela me via e nem queria saber. Eu também nunca tive muita coragem de fazer ela saber, ela é tão ela, que me afeta se um dia ela não for, ela não é linda, mas a desgraçada é um sol. Alguém consegue viver sem um sol ?
O meu sol, descia todo dia no mesmo horário para a sua academia dar aula comunitária pra galera de lá da crista do morro, e eu a observava todo dia como se fosse um ritual divino. Isso deve ser pecado. Também não me importa a moral e os bons costumes, eles não servem.
Mas agora eu decidi, quando ela voltar vou trazer ela pra mim. Vou dar essas coisas tolas que todo mundo diz: casa, comida e roupa lavada; duvido que aquela favelada já teve tudo na mão assim; vai virar dondoca e ainda vai ser muito feliz na cama, modéstia a parte. Só não vai poder sair dos meus cuidados, nunca que eu vou deixar o meu sol clarear outra paisagem... Eles que arrumem outro sol!
Dez horas, já está na hora dela subir a ladeira. Corro pra janela sento no meu lugar de sempre e olho. Luzes acesas, meia dúzia de gato pingado na rua e nada dela passar. Passaram-se vinte minutos que pareciam vinte dias. Eu já estava ficando vermelho de raiva e preocupação, se é que preto fica vermelho, eu não fico vermelho! Dez e meia e nada daquelazinha passar, o que será que aconteceu? Ela é sempre tão pontual... Dez e trinta e cinco, dez e trinta e seis, dez e trinta e nove, dez e cinquenta e oito, onze horas... Diabos! O que será que aconteceu?
Nesses breves minutos minha cabeça girava: será que é uma festa na academia?; Será que ela resolveu dar aquela "esticadinha" com um professor cheio de músculos? Que vadia!; o que será que aquela desgraçada tá aprontando ?, Deve estar dando pra algum por aí, aquele sutiã não me engana, sabia!
Fiquei então confuso e irritado até a hora de pegar no sono , sem perceber, que raiva me deu não perceber o sono. Eu acho que estava com tanta raiva que cai num sono tão profundo que só acordei quase de tarde. E não comi, nem bebi, nem tomei banho. Fiquei lá olhando aquela lá passar e o dia acabou e ela não passou, e eu passei mais 2 dias assim, já estava fedendo e meu corpo precisando de comida.
Não tinha mais sono, esperei a moça de olhos verdes abrir a porta da birosca. Tomei um banho , fiz um café , comi um pão dormido com requeijão. E fui, já sem ânimo perguntar pra fofoqueira, cadê o meu sol...
-Dona, a senhora tem visto aquela moça lá de cima do morro que é assim, assim assado?
- Moço , então o senhor não sabe o que aconteceu?
- Sei não...
E me Batia uma angústia, aquela lá morrera?
- A mãe dela morreu, ela foi morar com o noivo, estão prestes a se casar, ela só morava aqui porque a mãe não queria sair da comunidade. Já estava acostumada nessa vida. Dizem que o noivo dela é bacana, vem aqui com aquele carro prata e espera ela toda noite , no final dessa rua depois da ladeira, e....
Eu virei as costas e fui embora, ela de costas pra mim, fazendo alguma comida, nem percebeu e continuou falando daquele noivo lá que parecia noivo dela, velha fofoqueira! Sabia de tudo.
Nesse dia, nem o sol que queimava fazia algum efeito. E eu começava a pensar como fazer pra sequestrar ela, queria roubar ela de qualquer pessoa que roubasse o meu sol. Depois de tanto estudar o caso como um advogado de defesa, me mudei pra frente da casa dela , não muito na frente pra não dar na cara.No fundo, eu não tive coragem de roubar meu sol, e já sabia todo o seu itinerário, e vivia olhando pela janela ( até mais confortável) da casa, mas eu não ia conseguir, ela brilhava mais do que nunca. Tinha dias que eu nem comia, mas tinha que ver meu sol, agora cheia de roupas de grife e de carro com motorista. Meu sol, eu tenho o meu Sol, Ela era meu Sol, eu não precisava de mais nada.

segunda-feira, 12 de abril de 2010











nós arianos, tão insanos;
nós arianos, tão teimosos;
nós arianos, tão nefastos;
nós arianos, tão arianos;

nós arianos, tão cheios de delícia;
nós arianos, quase virando os donos do mundo;
nós arianos, que amamos tanto;

nós arianos, tão cheios de si;

nós arianos, tão cheios de tesão;

nós arianos, tão cheios de defeitos;

nós arianos, tão cheios de qualidade;

nós arianos, unidos por qualquer sentimento divino...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

(CA)Minha a sorte

11/02/10

Sol de Fevereiro. E um suor insano escorrendo pelas costas até a ponta do pé num ponto de ônibus qualquer. Chega Fevereiro o ano ainda não começa, eu só quero aproveitar. Carnaval logo, logo a vista, precisando de um samba gostoso pra curtir;precisando de tempo pra mim... O altar da minha cigana ainda não está do jeito que eu quero, o meu guarda-roupa ainda está completamente bagunçado... As coisas escorrem feito água sem ao menos eu poder segurar.
Tenho idéias e momentos que são propícios para qualquer ato de loucura; pena ser tão responsável. Até que ponto eu tenho cabeça pra superar e não enlouquecer? Até onde eu vou querer ir?
Esse sol de Fevereiro torra minha cabeça, queima a minha pele e me deixa incoerente!
Es que surge o meu ônibus, dou um singelo boa tarde ao motorista, pago minha passagem e procuro um lugar que ainda esteja vago para sentar, sento exatamente onde o sol me digere como se eu fosse um chocolate suiço. Sorte que pensei em vestido quando saía de casa, sorte que hoje é sexta-feira, sorte que na minha sala do escritório tem ar condicionado, sorte que o motorista corre e quase não pára, SORTE!
Pensando bem, enlouquecer não seria tão ruim! Sorte que a responsabilidade me cobre de amparo. Nunca pensei que uma cobrança poderia ser sinônimo de equilibrio. Nunca pensei na sorte de ter nos meus defeitos um motivo pra perfeição.



...E eu quero a SORTE de um amor tranquilo,
com sabor de fruta mordida!


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sexta-feira, 26 de março de 2010

vou tentar dar um jeito nesse blog :D


Sambinha pra acorda buniiitaááá
[...]
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
Me diga gente
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
No tempo dos "derréis" e do vintém
Se vivia muito bem, sem haver reclamação
Eu ia no armazém do seu Manoel com um tostão
Trazia um quilo de feijão
Depois que inventaram o tal cruzeiro
Eu trago um embrulhinho na mão
E deixo um saco de dinheiro
Ai, ai, meu Deus

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bamba meu

engraçado que quando fico sozinha quero ir pro samba pra ele ser meu homem ! e quando fico junto , sinto saudades do meu homem! O SAMBA...
Com ele não me sinto sozinha , abandonada , ele é O bastante , me faz arrepiar, requebrar, ficar ofegante, chorar quando fala, rir quando rima, me faz amar de verdade... Se o samba fosse um homem , seria o MEU homem, o cara ! o tipo , o jeito...

digamos que Chico escreveu essa música pra mim,
sendo que quando ele fala "sou eu ", ele diz o que o samba diz :


"Na minha mão coração balança
quando ela se lança no salão,
pra esse ela bamboleia Pr'aquele ela roda a saia com outro ela se desfaz da sandália

Porém depois que essa mulher espalha
Seu fogo de palha no salão
Pra quem que ela arrasta asa ?
Quem vai lhe apagar a brasa ?
Quem é que carrega a moça pra casa ?

Sou eu... só quem sabe dela sou eu
Quem dá o baralho sou eu
Quem manda no samba sou eu

O coração na minha mão suspira
Quando ela se atira no salão
Pra esse ela pisca um olho
Pra'quele ela quebra um galho
Com outro ela quase cai na gandaia

Porém depois que essa mulher espalha
Seu fogo de palha no salão
Pra quem que ela arrasta asa ?
Quem vai lhe apagar a brasa ?
Quem é que carrega a moça pra casa ?

Sou eu... só quem sabe dela sou eu
Quem dá baralho sou eu
Quem dança com ela sou eu
Quem leva este samba sou eu

Modéstia a parte, sou eu.. sou eu
Se liga my brother, sou eu..sou eu
O cara da mina sou eu, sou eu
O rei do pedaço meu compadre, sou eu
É, malandragem... sou eu
Responsabilidade... sou eu, sou eu
Sou eu, sou eu..."


Sem mais