domingo, 1 de junho de 2008

domingo vírgula.

Acordar branda e com cheirinho de café feito, uma margarida bem grande no travesseiro alheio vazio, lençol amassado junto com o sol nascendo. Barulho de talher longe (eu acho que ele quebrou alguma loça), você senta na cama, esfrega os olhos, se estica, amarrra o cabelo. Se espreguiça , tira o lençol; levanta. Vai até o banheiro de chão gelado, sem olhar no espelho grande na parede, abaixa a cabeça; na pia, lava o rosto, escova os dentes e levanta o rosto. Olha no espelho e vê aquele olho e rosto inchado e suas olheiras gritantes que ele nunca reclama, retira o laço do cabelo, pentea quase dormindo em pé, prende ele de qualquer jeito, só pra não ficar descabelada. Abaixa a tampa do vaso coisa que eles nunca fazem, senta, levanta, dá descarga, lava a mão, fecha a porta. Volta ao quarto, abre a cortina e senta novamente na cama, se cobre, só as pernas. Com o tico e teco funcionando, você começa a pensar...
"mesmo com a cara inchada e as olheras gritando?, mesmo reclamona dos horarios e atrasando?, mesmo ele sendo um péssimo cozinheiro?, mesmo sendo tão preguiçosa?, mesmo as vezes brigando muito?, mesmo as vezes implicando muito? Mesmo com isso tudo ?".
E como se ele soubesse que você pensava nisso tudo, entra no quarto, todo atrapalhado com um copo que derruba um pouco de leite no chão, uma bandeija toda colorida na outra mão. Fazendo malabarismo pra empurrando, abrir a porta com o joelho e o pé; fazendo cara de cínico, ele tem aquela cara de que não vale nada; com olhar de cachorro abandonado na estrada, praticamente pedindo ajuda, coisa que o orgulho não deixa...

"Amor, mesmo assim, todo atrapalhado, você me ama né? Se falar que não eu faço você limpar a bagunça!"
Só te resta rir, levantar, ajudar e ter um bom domingo chuvoso...

Nenhum comentário: